sábado, 8 de julho de 2017

O bom e o Mau

                                                                                 



 
                Fernandes - Agente da Pide/ DGS com representante
                               Do Congo no (Marco 28)


                                                          
                                                                    
                     
                Camaxilo Terra Morta


Camaxilo é conhecido por ( TERRA MORTA )  desde o século XVI,
anos em que a fronteira com o ( Congo Belga já servia de passagem
para contrabandistas, de um lado para o outro.
Em 1949 o regime imperialista Português, marcou África pela violência
extrema aos povos colonizados, escravizados, e traficados.
Sabe-se que o regime colonialista Português, do século XX se vangloriou
de, manter com os colonos uma relação de harmonia, UM-ESTADO ---
UMA-NAÇÃO mas era uma propaganda enganosa porque os Colonos
continuavam a ser escravizados e humilhados, tudo isto e muito mais,
comandado por um governo chefiado por António Oliveira Salazar.
Após tantos anos de escravidão, sofrimento e humilhação, o inevitável
aconteceu; a guerrilha em 1961 a qual obrigou milhares de jovens a
participar mesmo discordando.
Por motivos desta miserável guerra a CART-2672 foi combater para
o Leste de Angola --( Camaxilo Terra Morta )



                                                       

                                            Regimento de Infantaria 7 -Leiria                    




            

                                                GACA-Nº2-Torres Novas






        
                                                       Torres Novas


           A companhia de artilharia cart. 2672 foi fundada  no
          dia 27 Setembro de 1969 no Quartel GACA-Nº2  



     

            
             



    Campo Militar de Santa Margarida

Com recrutas na maioria provenientes do quartel R.- I.-7 em
Leiria, onde tinham sentado praça a 28 e 29 de julho 1969.
Em Torres Novas foi dada a especialidade, onde alguns
frequentaram a escola de cabos, no fim da especialidade
e como a CART. 2672 e a CART.2673 já estavam fundadas
há que as formar.
Todos formados na parada chamados uma um, para a CART.2672-
Angola CART.2673- Guine, foi só neste momento que soubemos
para onde estávamos mobilizados, uns dias depois, após a chegada
dos militares chamados de especialistas, fomos enviados para o centro
de instrução militar, C.I.M. em Santa Margarida a espera de embarque.
E já a passar muita fome, eis que chegou o dia de embarque,
26-março 1970 no Paquete Pátria, com partida no cais Rocha Conde
de Óbidos em Lisboa, e chegada a Luanda no dia 5 de abril de 1970
as nove horas da noite, acompanhados de chuvas torrenciais,
conforme ia-mos desembarcando, éramos metidos dentro de
vagões ferroviários que nem ( Animais ), rumo ao Grafanil a
uns 13 klm. de Luanda.
Ninguém dormiu nessa noite, levantamos material e equipamento
para sairmos as quatro horas da manhã, rumo ao leste de Angola.
Primeira paragem no quartel na vila Salazar, onde almoçamos
ração de combate R.C., seguimos viagem para Malange onde
chegamos de noite no dia 6 de abril 1970, no dia 7 de abril 1970
permanecemos em Malange, para fazermos carregamento dos
géneros alimentícios em viaturas civis fretadas para o enfeito.




                    








Quartel militar de Malange




No dia 8 Abril seguimos mais para leste, entramos mais 
adiante nas picadas com muita areia as viaturas começaram-se 
a enterrar aí começou um árduo trabalho para sairmos do 
areal, já era bem noite e então chegamos ao quartel do 
Cafunfo onde pernoitamos.              
No seguinte dia 9 de abril 1970 saímos bem sedo para completar
a caminhada passando pelo destacamento de Caungula onde o
segundo pelotão prestou serviço após uma pequena paragem
continuamos a viagem até que surge o Camaxilo a ( Terra Morta )
onde nos esperavam com muita ansiedade e alegria a C:C:A:V.
2332 -- a qual nos deixou no dia 10 abril 1970 partindo rumo
a Luanda via Malange.
Os 735 dias passados em Angola foram muito complicados
só 10 destes dias não foram passados no mato mas sim em
Luanda a espera de embarque.
Mas vamos a passagem da CART.2672 pelo Camaxilo-Caungula
e Cuilo, para não individualizar os acontecimentos vou narrar
alguns de que tenho conhecimento geral fazendo um exercício
a memória.
Como é escrito algumas linhas a trás, chegamos ao Camaxilo no
dia 9 de abril 1970 já noite porque o escuro chega por volta das
17 horas e nessa mesma noite a CART.2672 começou a trabalhar
colocando os seus militares a fazer reforço ao aquartelamento
enquanto os velhinhos faziam a festa de despedida claro que
uma festa muito merecida !!!
Trabalhamos muito em patrulhamentos constantes no terreno
a zona era fértil em pântanos nomeadamente no ( marco 28 )
por outro lado muitos vale montes rios e picadas muito difíceis
de percorrer derivado a sua inclinação e aos enormes buracos
durante muitos e muitos klms.
Ainda não tinham passado dois meses deu-se o ataque ao Zôvo
um ladeamento em que estava permanentemente destacado
um pelotão para manter a segurança da população civil
 No dia 20 de maio 1970 - o terceiro pelotão do Camaxilo é
rendido pelo segundo pelotão de Caumgula na madrugada
seguinte 21 de maio 1970 deu-se o fatídico e inesperado ataque
que deixou o saldo de dois mortos e três raptados da metrópole
e mais dois mortos e uns quantos raptados das tropas de nativos
Grupos- Especiais ( G.Es. ) como acima descrito e fotografado.
Ao que se julga este ataque foi levado a cabo por tropas da
União dos Povos de Angola ( UPA ) ou pelo exercito de
libertação de Nacional Angola ( E.L.N.A.)
As quais tinha aquartelamento em Shauianga no ( Congo Belga
Zaire ) agora chamado de Republica Democrata de Congo ( R.D.C.)
Nota *** ao que se sabe os raptados da metrópole com a ajuda
de alguém conseguiram fugir do Congo em 1973:
Depois da casa arrombada trancas na porta dias depois foi aberta
uma vala de abrigo a todo o comprimento da sanzala de Zôvo
assim como em redor de todo o aquartelamento do Camaxilo

                                                                                   

     

 
                           
  viagem a caminho de Henrique de Carvalho (Saurimo)

Um dia inesquecível, 27 julho 1970 partimos do Camaxilo para
Henrique de Carvalho, ( saurimo ) levando para entrega viaturas
danificadas que herdamos da companhia C.C.A.V. 2332, ao
chegarmos a Saurimo, recebemos a noticia da morte de
António Oliveira Salazar.








                                   Estátua de Henrique de Carvalho (Saurimo)
                                                                                 

     






                                   





           
                                           Ponte do rio Cuilo


                                                     

     construída em 1970



Mais um drama, foi do Cuilo que chegou a noticia de que, no
18 de abril de 1971 se tinha suicidado um colega militar, ao que
foi trasladado para a metrópole alguns dias depois.


A Ponte
Foi muito bom a construção desta ponte, para que acabassem
as travessias de risco, e de muito medo feitas por jangada,
que difícil era passar todas as viaturas com o reabastecimento,
e por norma sempre de noite.


                 
                                                               

     
                                            ZÔVO              
                                                


A matar a fome em uma das muitas  estadias de 3º pelotão








  


                  Avião de pequeno porte
                  que nos trazia o correio e géneros frescos
                ( muitas das vezes falhava a na sua tarefa!!!)


     








                                     Base da força aérea Nº 42 (A-M) Camaxilo


Por muito que alguns digam o contrário, no Camaxilo passou-se
muita fome, pelo menos para aqueles que não tinham a ousadia,
( LATA ) de andar a trás dos cozinheiros e do padeiro.
A alimentação era de muito ma qualidade, mesmo dentro do
aquartelamento, muitas das vezes a ementa era ração de
combate, R.C. durante os dois anos os militares que faziam
patrulhamento, comeram centenas de rações de combate
R.C. individualmente.
O Camaxilo, era composto para alem do nosso aquartelamento,
de um Posto Administrativo, o Comércio Teixeira & Lemos, e
também do Aeródromo  de manobra Nº 42 A.M. da Força
Aérea Portuguesa, onde aos domingos e quartas feiras aterrava
um pequeno avião trazendo-nos correio e géneros frescos,
carne e peixe em caixas isotérmicas, mas grande parte das vezes
a qualidade era muito duvidosa, a carne a jardineira sem ervilhas
e com batatas podres, como era óbvio sabia muito mal, o peixe
assado no forno amargava que não se podia comer, mas só
( para alguns, )  esses agarravam na laranja e no pão e
voltavam para a caserna, quando havia dinheiro esperavam
pelo cantineiro e la iam mais umas latas de conserva
e uns pacotes de bolachas.





   

                                                                                 



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